Un cuento de desencuentros más que encuentros

Bru,
3 min readOct 16, 2020

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Sexta-feira, 16 de Outubro de 2020. Lua nova e histórias ressignificadas.

Eu fiz uma lista do que aprendi. Com cada um de vocês. Mas na hora de escrever tudo se modifica. A escrita é um universo com vontade própria. Pelo menos pra mim é assim. Coloco a intenção do que quero escrever, mas acabo indo por caminhos que nem imaginava. Uma bela representação da vida, né?! Colocamos o destino, mas as rotas são calculadas e recalculadas a cada passo. Na escrita, a cada palavra.

E foi contigo que eu aprendi que os (des)encontros são tudo, menos o que a gente espera. Inclusive, lembro que quando já estávamos juntos, eu te falei sobre recalcular rota e tu adorou a referência. Talvez porque nossa relação fosse sobre movimento, sobre ir e vir, mas não sobre ficar.

Nos conhecemos fazendo um trabalho juntos e naquele dia pouco falamos. Com o passar dos anos e, Porto Alegre sendo um ovo, nos reencontramos muitas vezes. Em festas e… em festas?! Só consigo lembrar de encontros assim. Em algumas dançamos, em outras conversamos sobre viagens, sobre a magia do Peru e a vida. Até que um dia de tanto nos desencontrarmos em momentos de vida, nos encontramos solteiros — no tinder. E juro, que até aquele match acontecer, eu nunca tinha entendido se tu tinha qualquer interesse por mim — além de amizade. É, talvez eu seja lenta…

Saímos para jantar e ali nossas trocas começaram a fluir, apesar de ser no fim do ano e em seguida seguirmos diferentes destinos… Tava tudo bem! Afinal, tínhamos finalmente nos encontrado e pensamos até em nunca mais nos desencontrarmos. Fluímos, mas nunca no raso.

Eu colocaria aquela tua música, que fala sobre (nossos) desencontros, mas entregaria fácil d+ que essa carta é pra ti. Então ficamos com Caetano e com a noite que tu emocionado me apresentou essa música.

Ficávamos conversando na tua cama enquanto olhávamos o céu e assim virávamos a noite admirando a lua. Em alguma dessas noites, eu sentada na ponta da cama e tu, encostado na parede, me disse: “a maneira como tu fica quietinha observando, pensando, admirando a vida... não sei, o teu jeito me lembra um gato: tranquilo e as vezes arisco. assim como tu.” Ali, naquele momento, eu senti que tu tinha me visto e eu me reconheci no teu olhar. Inclusive, nunca mais larguei essa comparação. Acho que ela me representa muito mais do que qualquer textão que eu possa escrever sobre mim. E, pra mim, isso é uma relação: Descobrir-se através do olhar do outro.

Esse é o principal motivo para te escrever essa carta. Porque, apesar de breve, essa foi a nossa relação: um delírio bonito e colorido que terminou como o carnaval. Ou por causa dele? Nunca saberemos ao certo. Mas tenho pra mim que nossos encontros eram pequenos-universos-carnavalescos: despindo-nos da vida lá fora e festejando nossas noites a dentro.

Noutra noite tu me disse: “tu é boa de cama. contigo eu consigo dormir bem.” e esse foi um dos elogios mais bonitos que eu já recebi. Porque era sobre carinho e sentir-se seguro. Mesmo que por uma noite, por algumas semanas, por um instante. Nossos abraços eram aconchego e contigo eu aprendi a me despir, confiar no corpo, no carinho e no cuidado. Eu me sentia segura para falar ou só observar e tu seguro pra relaxar, sonhar e cantar — aquela música, que era a minha preferida antes mesmo de saber que era tua e que tu, mesmo contrariado, serenou pra mim enquanto meus olhos brilhavam como quando o mar reluz o brilho do sol.

E assim, como o mar, fluímos em águas distintas até nos dispersarmos. Como multidão no fim do bloquinho de carnaval: cada um para um lado. Levando apenas a lembrança de noites bonitas e intensas.

Opa, estaria mentindo se dissesse que carrego só lembranças, também continuo com a tua camiseta no meu armário, que me lembra de te agradecer pelo The Office e por aquelas músicas, que de vez em quando ainda ressoam na minha cabeça e me lembram o quanto de delicadeza tem no teu ser e na tua voz.

Te agradeço por todos os desencontros que nos levaram aos encontros delirantes de um carnaval que não será esquecido. Porque uma parte de ti segue comigo, como purpurina que a gente carrega no corpo o resto do ano:

Até o próximo (des)encontro.

Espero que tu esteja bem (sei que está) e se ler tudo isso, mando um beijo pra tua família e tu decide se entrega ou não. ❤

Te guardo no coração
colorido entre brilhos

com gratidão e carinho,
Bru

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Bru,

la bruja — mujer medicina — latina || oferecendo vivências terapêuticas n' @acasadabrunanomundo