Ser mulher no brasil é exaustivo
Eu admito: tinha esquecido da palavra Sororidade nos últimos anos. Não porque deixei de praticar — até porque nos 2 últimos anos morando fora, co-criei uma comunidade voltada justamente para as mulheres brasileiras que vivem em Barcelona. E claro, existe muita sororidade envolvida nesse trabalho.
Mas hoje, 8h da noite, voltando do mercado a passos acelerados, quase correndo, passei por uma menina que — imagino eu, tenha seus 20 e poucos anos, estava voltando do estágio ou saindo de alguma aula da faculdade.
Ela, com a mochila colocada na sua frente (mulheres que caminham pelo centro de uma cidade como Porto Alegre sabem bem o que isso significa) vinha na direção contrária a minha e ao nos cruzarmos, olhamos nos olhos uma da outra e sem precisar falar nada, sentimos o mesmo: alívio.
O alívio de ver outra mulher sozinha na rua é como receber um abraço. Porque nós duas sabemos a angústia que sentimos até chegar no nosso destino. A tensão de caminhar rápido, estar atenta aos possíveis perigos, não poder pegar o celular na mão, torcendo pra chegar viva, sã e salva.
Aquele breve encontro durou 5 segundos, nos olhamos, senti o alívio momentâneo e desejei que ela seguisse protegida.
Lembrei da palavra sororidade em seguida. Porque mesmo morando fora, precisando e tendo uma comunidade de mulheres, ser mulher no Brasil é completamente diferente e é sim, muito exaustivo.
Andamos rezando umas pelas outras e entre um “avisa quando chegar” e outro “te cuida”, a gente se abraça. Mesmo que seja numa breve troca de olhares — no fim do dia, saber que não estamos sozinhas é o alívio que nos permite seguir caminhando.
Independente de por quais ruas você esteja passando, receba esse texto como a mesma troca de olhares que citei acima. Eu te vejo, acolho tua insegurança, teus medos e teus anseios para te abraçar e repetir que
seguimos juntas, mesmo que em direções opostas.
P.s: se você sentiu a mensagem ressoar aí, saiba que estou preparando um espaço acolhedor para te receber e semanalmente relembrar que você é seu próprio lar e que é seguro ser quem você é ao lado das outras pessoas.
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Te espero do lado de dentro d’A Casa 🧡
Com carinho,
Bruna Meneghini
Terapeuta holística & entusiasta da escrita
@brunameneghini
