Mi primer cuento

Bru,
3 min readOct 24, 2020

Sexta-feira, 23 de Outubro de 2020. Lua crescente e encontros de-mercados em tempos de pandemia.

Hoje, ao sair do supermercado, vi teu pai. Não via ele desde que… terminamos, acho eu. Por isso interpretei como um sinal, já que não sabia muito bem qual seria o próximo conto. Sim, agora eu vejo sinais em tudo e me orgulho disso. Inclusive, carrego comigo uma das lições mais simples e bonitas que tu me ensinou:

“mesmo que os outros se aproveitem da tua gentileza, da tua verdade ou do teu carinho, nunca pensa que tu é idiota por isso. o problema não é teu, é de quem não soube lidar com tanta beleza.”

Nos conhecemos e quinze dias depois eu fui viajar, 20 dias na Europa, sendo o nosso único meio de comunicação o facebook, quando as redes sociais eram novidade e os celulares com internet também. Lembro que tu me levou no aeroporto, me deu tua camiseta banhada no teu perfume e eu usava ela pra dormir. Anos depois, quando terminamos, eu fui de novo. 3 meses lá e dessa vez, 100% sozinha, sem camiseta e sem companhia. Hoje percebo que aquela primeira viagem nos uniu e a última, além de ter sido uma fase de muito aprendizado individual, foi também o encerramento do nosso ciclo.

Tivemos muitas, mas essa era uma das nossas músicas — e das minhas preferidas. ❤

Eu não posso falar por ti então falo por mim quando digo que cresci contigo. A gente bem sabe que nossa relação não foi fácil, nem tranquila, mas foi como podia ter sido. Nem mais, nem menos. Porque assim crescemos e eu carrego muita beleza dos nossos encontros… Inclusive, esses dias comentei com uma amiga, que tu foi um dos meus maiores incentivadores e...

Parceiro. Se eu tivesse que te definir em uma palavra seria essa. Lá, vários anos atrás, esse termo não era tão frequente como é agora. Mas é assim que te reconheço na minha história: parceiro na dor e no amor. Tu me acompanhava nos trabalhos noite a dentro e nas crises de gastrite. Aprendemos a cozinhar, paramos de comer carne e íamos da casa da minha avó até grupos de constelação familiar — juntos. Também brigamos, choramos, terminamos e voltamos. Apesar de nunca faltar amor, não éramos maduros e seguros o suficiente para lidar com tanta intensidade.

Terminamos e doeu. Muito. Escrevi uma carta que joguei fora anos depois quando a encontrei. Nesse meio tempo, nos vimos mais algumas vezes e ainda era amor. Na verdade, continua sendo. Sempre vai ser. Porque o que a gente sente e aprende, quando juntos por amor, fica e nos torna quem somos.

Sinto também que tu me ensinou muito sobre gentileza. Tu era (e acredito que continua sendo) uma das pessoas mais gentis e dedicadas que eu conheci. Cuidava de todos, mas as vezes esquecia de cuidar de ti. Pensando agora… espero que tudo o que passamos, tenha servido pra te lembrar de cuidar de ti e depois dos outros. Assim como me ensinou a olhar mais pra mim.

Te agradeço por me ensinar sobre a vida, sobre as relações, sobre música e carinho. Te agradeço por falar sobre orgasmo feminino e me presentear com meu primeiro livro de tantra, foram sementinhas que cresceram muito aqui. Te agradeço por me incentivar a seguir caminhando sozinha até aprender a voar. Te agradeço por me inspirar a comunicar e expressar meu ser, sempre admirei essas tuas capacidades.

Por fim, te agradeço por ter sido o primeiro, por ter sido meu parceiro.

Ah! Fiquei feliz de ver teu pai, mesmo que de dentro dos carros e por breves segundos, relembrei de bons momentos com vocês.

Espero que estejam todos bem!

Com boas lembranças,
e (sempre) amor,

Bru

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Bru,

la bruja — mujer medicina — latina || oferecendo vivências terapêuticas n' @acasadabrunanomundo